sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Descongelamento do Sêmen Bovino



O sêmen aplicado deve ser de boa qualidade fecundante e sanitária e procedente de empresas credenciadas pelo Ministério da Agricultura, como aquelas filiadas à ASBIA – Associação Brasileira de Inseminação Artificial.
         
Muitos estudos comprovam que nenhum outro método se mostra tão eficiente para o trabalho de campo quanto o descongelamento feito em água à temperatura entre 35 e 37°C. Quando o sêmen é descongelado em temperaturas inferiores a esta (no bolso, na mão, água a temperatura ambiente, “na vaca”, etc.) o tempo de descongelamento é maior permitindo nova organização de cristais de gelo, o que provoca danos em várias partes dos espermatozóides.  Entre os danos destaca-se quebra da cauda, rompimento das membranas plasmática (parede celular) e do acrossoma (responsável pela penetração no óvulo). Na temperatura entre 35 e 37°C por 30 segundos a velocidade de descongelamento é rápida o bastante para evitar a reorganização destes cristais, o que promove a sobrevivência de um maior número de espermatozóides viáveis, proporcionando assim maior poder fecundante da dose descongelada conforme mostra o gráfico abaixo:

Entre outras variáveis o Descongelamento do Sêmen exerce grande influência na taxa de prenhez, e entre todos os métodos o Descongelador Eletrônico tem se revelado como o mais eficiente

Devemos ainda considerar que nesse rebanho cada inseminação perdida significa atrasar em 21 dias a produção de 413 Kg de leite, em 15 vacas significou 6.195 Kg de leite, e quanto mais inseminações perdidas mais fêmeas em atraso e maior a perda anual da produção de leite.

Quando um grande número de fêmeas precisa ser inseminado no mesmo horário ou na prática da IATF, o trabalho pode ser agilizado com a retirada e o descongelamento simultâneo de doses de sêmen a serem utilizadas.

Sêmen Sexado
No uso do sêmen sexado é recomendado o descongelador elétrico , pois o mesmo requer ainda mais cuidados no manuseio, sendo imprescindível um perfeito descongelamento para garantir o sucesso do trabalho.


Ricardo Reuter Ruas
Médico Veterinário
Diretor - Fertilize
Consultor da ASBIA - Associação Brasileira de Inseminação Artificial.
Adaptado : AgroPecuaVet.







quarta-feira, 2 de outubro de 2013

CRIAÇÃO DE CODORNAS



  

A codorna existe desde a antiguidade na Europa como ave migratória - de plumagem cinza-bege e pequenas listas brancas e pretas - foi levada primeiramente para a Ásia - China, Coréia e, depois, para o Japão. A codorna, hoje criada em cativeiro, é o resultado de vários cruzamentos efetuados, no Japão e na China, a partir da sub-espécie selvagem Coturnix coturnix, de origem européia. Já no ano de 1300 d.c. a codorna foi domesticada pelos japoneses em função do canto melodioso dos machos. Na primeira década do Século XX os japoneses conseguiram, após inúmeras tentativas, promover sua criação de forma racional, em pequenas gaiolas, com produção em série, com vistas à exploração comercial. Graças à sua alta fertilidade, abundante postura de ovos e exigência de pouco espaço para seu confinamento, mais a facilidade de transporte, a codorna tornou-se uma das principais fontes de alimentação para os vietnamitas durante a guerra contra os Estados Unidos.
No Brasil, as codornas foram trazidas por imigrantes italianos e japoneses na década de 50. A partir daí sua produção vem se consolidando, tornando-a uma importante alternativa alimentar no país.

Mercado
A criação de codornas (coturnicultura) tem apresentado um desenvolvimento bastante acentuado nos últimos tempos. Os principais fatores que contribuem para isso são: o excepcional sabor exótico de sua carne, responsável por iguarias finas e sofisticadas; o baixo custo para implantar uma pequena criação, podendo se tornar uma fonte de renda complementar dos pequenos produtores rurais. Do lado técnico-econômico, torna-se ainda mais atrativa, ao verificar-se o rápido crescimento e atingimento da idade de postura, a elevada prolificidade e o pequeno consumo de ração.

Vantagens da criação de codornas
Este tipo de criação apresenta algumas vantagens, tais como:

- Rápido crescimento;
- Precocidade sexual;
- Alta postura;
- Elevada rusticidade;
- Baixo consumo alimentar.

A criação
A criação de codornas pode ser em dois níveis, que são:
- Criação Doméstica: É aquela feita em residências ou em apartamentos, não exige um rigor técnico acentuado, porém, são necessários alguns cuidados básicos, como por exemplo com os dejetos.
- Criação Comercial: É aquela feita em grande escala, onde o objetivo do criador será a comercilaização do produto final.

A implantação
No momento da implantação da criação deve-se dar atenção a alguns fatores importantes, que são a:
- Localização: É de fundamental importância, já que se devem ser respeitadas as condições de conforto exigidas pelas aves;
- Temperatura: A temperatura ideal deve estar entre 20 e 23ºC;
- Luminosidade: Este fator é o responsável pela postura, no caso da criação comercial, recomenda-se 18 horas de luz entre natural e artificial;
- Água: Responsável pelo metabolismo da ave, como também pela desinfecção das instalações. Ter uma água de boa qualidade é fundamental;
- Circulação de ar: Ter um ar que possa ser renovável é muito importante, visto que, isto possibilitará a eliminação do excesso de umidade do ambiente, do calor e dos gases formados pelo metabolismo da ave.

Estrutura
A estrutura básica deve contar com uma boa disponíbilidade de área, água, além é claro de um clima favorável, lembrando que estes requisitos são indicados para o empreendedor que deseja ter uma criação comercial.

Instalações e Equipamentos
Irão variar de acordo com o tipo de criação, ou seja, doméstica ou comercial, porém, se torna válido citar alguns tipos de instalações e equipamentos:
- Galpões Fechados (laterais). Apresenta um alto custo, além do que não podem ser muito grandes e largos, pois dificultam a circulação de ar, recomenda-se que se tenha várias janelas.
- Galpões Abertos (laterais). Apresentam maior economia quando implantados em regiões de alta temperatura, porém, deve-se contralar a temperatura durante o inverno. Este tipo de instalação exige telas nas laterais, a fim de evitar a fuga das aves e impedir a entrada de predadores.
- Telhados. Influência na temperatura interna do galpão, as telhas de barro oferecem maior conforto térmico, porém, exigem maior gasto com madeiramento, por outro lado, as telhas de cimento amianto são de custo mais baixo, porém, aumentam a temperatura interna.
- Piso. Pode ser de cimento rústico ou outro material, deve apresentar uma pequena declividade.
- Gaiolas de Postura. Possibilita um melhor controle produtivo das aves, recomenda-se as gaiolas de arame galvanizado, são padronizadas nas medidas 100cm X 30cm (comporta 30 aves) ou 100cm X 40cm (comporta 40 aves), com duas ou três repartições. Pode-se utilizar gaiolas de madeira (com fundo de arame), tem como vantagem o baixo custo.
- Gaiolas de Recria. São utilizadas na fase intermediária de crescimento. As aves são alojadas com 15 dias de vida e saem quando atingem os 35 dias.
- Gaiolas para Codornas de Corte. São de tamanho 100cm X 40cm.
- Bebedouro. O mais comum é o do tipo nipple, pois possibilita obter melhor qualidade da água, economia na sua administração e maior controle nos medicamentos.
- Comedouros. Geralmente vem junto com a gaiola.

Investimento Inicial
Há uma série de fatores que influenciam nos custos a serem empregados num empreendimento, os quais irão variar de acordo com as escolhas do empreendedor e do
capital que o investidor dispõe para montar uma criação de codorna. Para uma criação de 30 aves adultas com os equipamentos necessários e montados numa área de 20m², será
necessário desembolsar uma quantia de R$ 1. 500,00 (mil e quinhentos reais) aproximadamente.


Os Sistemas de Criação
Existem três tipos:
- Criação Sobre Camas. É o de menor tecnologia, consiste basicamente em criar as aves sobre um material

absorvente, denominado cama, geralmente de sabugo de milho picado, casca de arroz ou aparas de madeira.
- Criação em Gaiolas no Sistema de Baterias. Muito utilizado na fase de crescimento (15 a 35 dias) e na fase de postura. Este nome bateria é dado devido ao conjunto de 4 ou 5 gaiolas, uma sobre a outra, com espaçamento de 15cm.
- Criação em Gaiolas no Sistema escada. É o sistema mais moderno de criação, consiste no uso de gaiolas de arame galvanizado, idênticas as utilizadas no sisitema de baterias, fixadas de maneira a dar a impressão de uma escada. Apresenta como desvantagem o seu alto custo.

Alimentação
É constituída basicamente da:
- Ração. Há no mercado rações fareladas de uso exclusivo de codornas, pintinho de codorna. Após a eclosão, deve ser mantido em jejum durante 24 horas. A partir deste período receberá ração à vontade. Esta ração contendo 26% de proteína bruta deverá ser oferecida à ave até a idade de 45 dias, quando é levada ao abate ou para a produção de ovos. O consumo estimado no período é de 500 gramas por aves. A partir de 45 dias, as fêmeas receberão a ração de postura com cerca de 23% de proteína bruta. Devem ser oferecidos, diariamente, entre 30 a 35 gramas desta ração por ave.
A ração deve ser armazenada em local seco e fresco, não ter contato direto da embalagem com o piso e não ser guardada por período superior a 30 dias. Deve-se evitar, ainda, que seja atacada por roedores.
- Água. A água deve ser potável e sempre à vontade.

O Manejo
Divide-se em:
- Manejo de Reprodução. As codornas de reprodução devem, preferentemente, ser mantidas em gaiolas coletivas de macho e fêmea. Semanalmente, o macho de um abrigo deve ser trocado de lugar com o macho do abrigo vizinho e assim sucessivamente. Recomenda-se um macho para cada 2 a 3 fêmeas. Devido à grande sensibilidade das codornas à consangüinidade, com marcados efeitos nocivos, recomenda-se evitar os cruzamentos entre parentes próximos. Os ovos férteis de codornas podem ser incubados naturalmente com galinhas anãs ou pombas, muito embora seja um método de pouca eficiência, devido às grandes perdas. O mais recomendável é através da incubação artificial.
- Manejo do Pintinho. Decorridas as primeiras 24 horas da eclosão, os pintinhos devem receber aquecimento, ração e água à vontade. A temperatura inicial de criação deve ser 38ºC. A partir do terceiro dia de vida, procede-se à redução diária de 1ºC até que a temperatura se torne ambiente. O piso da criadeira é forrado com papel durante os três primeiros dias de vida. A ração será distribuída na própria forração de papel por sobre o piso, nos três primeiros dias. Depois oferecida em cochos do tipo bandeja. Os bebedouros devem ser lavados e sua água trocada, no mínimo, duas vezes ao dia.
- Manejo da Recria. A recria compreende o período entre 16 e 45 dias de idade. Nesta época, as aves continuam recebendo ração e água à vontade.
- Manejo de Postura. A quantidade de ração por ave deve ser de 30 a 35 gramas, e a água deverá ser fornecida a vontade. Para um índice elevado de postura, o ambiente da criação das codornas em produção deve ser iluminado na base de uma lâmpada incandescente de 15 WATTS para cada 5 metros quadrados de galpão.
- Manejo dos Ovos. Os ovos serão colhidos duas vezes ao dia. A primeira coleta realizada pela manhã e a outra, à tarde. Eles devem ser acondicionados nos pentes próprios, mantidos sobre refrigeração, para que as suas qualidades nutritivas sejam conservadas. Os ovos destinados à incubação serão mantidos em ambiente fresco, arejado e nunca por um período superior a 7 dias.

Prevenção de Doenças
Constituem-se práticas que contribuem para a saúde das codornas a limpeza e a higienização do ambiente da criação, a limpeza freqüente dos bebedouros e comedouros, assim como, a retirada periódica das fezes nas bandejas coletoras. Deve-se lavar e desinfetar a bateria ou a gaiola toda vez que dela for retirado um lote.
- Vacinação. As codornas devem ser vacinadas contra as doenças de Newcastle e Coriza, por se constituírem naquelas de maior importância econômica.
* Vacinação de Newcastle:
- 1ª dose. Aos 21 dias de idade, vacina vírus vivo, amostra La Sota - via ocular, instilando-se uma gota de vacina no olho.
- 2ª dose. Aos 45 dias de idade, vacina vírus morto, oleosa -via injetável, no músculo do peito, ou subcutânea, na dose de 0,5ml (meio mililitro).
* Vacinação de Coriza Infecciosa:
- 1ª dose. Aos 28 dias de idade, vacina amostra morta, a absorvida em hidróxido de alumínio - via injetável, no músculo do peito ou subcutânea, na dose de 0,5ml.
- 2ª dose. Aos 45 dias de idade, vacina amostra morta, emulsão oleosa - via injetável, no músculo do peito ou subcutânea, na dose de 0,5ml.
- Vermifugação . Aos 30 dias de idade, vermifugar as aves, através da ração, com drogas à base de mebendazole. Repetir a medicação 3 semanas após. A dosagem deverá ser o dobro daquela recomendada a galinhas.

Comercialização
Qualquer criação comercial tem por objetivo o lucro. Na criação de codornas, seja para a produção de
ovos, produção de carne ou pintos de um dia de vida, não poderia deixar de ser diferente. Por ser uma criação exótica, existem alguns fatores para os quais o criador deve se atentar, são eles:
- Considerar que o consumo de produtos é maior nos grandes centros urbanos;
- Regiões onde existam cooperativas que tenham cooperativas que tenham atividades relacionadas à avicultura, principalmente de postura, poderão ser um excelente meio de escoar a produção, por estarem envolvidas na comercialização de ovos;
- A venda para atacadistas também é uma forma de escoar a produção. Neste caso, é possível a associação entre o produtor e o comerciante, ficando cada um com a sua responsabilidade;
- A comercialização direta ao consumidor é vantajosa para pequenas criações (5.000 aves poedeiras, por exemplo), por permitir maior lucratividade. Esta vantagem, no entanto, diminui quando são granjas maiores, devido aos custos envolvidos na comercialização do produto.

Criação Doméstica
Se o objetivo é ter uma criação pequena no fundo de casa, ela pode ser iniciada com codorninhas de 1 a 28 dias. Outra opção é começar com algumas matrizes e reprodutores e depois selecionar, em cada geração, os machos e fêmeas mais robustos, para dar origem a novos reprodutores. Não há muito rigor técnico para a criação doméstica, pois, geralmente, o objetivo do criador é o de obter ovos para seus familiares e ter as aves como um hobby. Contudo, mesmo nestas condições, são necessários alguns cuidados. Os dejetos, por exemplo, precisam ser adequadamente eliminados, pois o seu acúmulo irá ocasionar a proliferação de moscas ou outros insetos e mau cheiro em excesso. As gaiolas existentes no mercado podem ser utilizadas neste tipo de criação, com pequenas modificações quando necessário.

Lembretes Importantes
Alguns fatores que devem ser considerados por parte do empreendedor:
- Manter um controle rígido de qualidade e o conhecimento, por parte do criador, das principais características do animal são fundamentais;
- A criação racional de codornas segue regras básicas de manejo, alimentação, sanidade e instalações.




terça-feira, 27 de agosto de 2013

Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em gado leiteiro





Introdução

As vacas leiteiras, durante a lactação, apresentam características fisiológicas particulares que diferenciam o comportamento reprodutivo desses animais, quando comparadas a fêmeas bovinas de outra aptidão. A fertilidade das vacas leiteiras, principalmente as altamente produtivas, é mais baixa, devido a algumas particularidades metabólicas que tornam a concepção mais problemática, exigindo maior número de inseminações por prenhes.

Particularidades reprodutivas de vacas leiteiras:

Podemos citar como diferenças conhecidas até o momento, as seguintes particularidades:

Maior incidência de retenção de placenta pós-parto.

A explicação para isso é multifatorial, pois envolvem todos os fatores causadores de estresse, tais como: nutrição deficiente, baixa adaptação ao ambiente, baixa resistência a parasitas, incidência de doenças infecciosas, entre outras.
A conseqüência da retenção de placenta é a incidência representativa de endometrites no período pós-parto de vacas leiteiras. Essas infecções geram prejuízos ao ambiente uterino e, em casos extremos, poderá ocorrer a infertilidade permanente de algumas fêmeas. Mesmo as endometrites com menor gravidade, costumam aumentar o período entre o parto e o primeiro cio, com cios de baixa fertilidade, liberação de muco sujo e interferindo na eficiência reprodutiva do animal.

Maior incidência de cistos foliculares.

As vacas em lactação possuem metabolismo muito acelerado e uma taxa de degradação hepática de hormônios esteróide muito rápida (estrógeno e progesterona). Esse fator pode interferir no mecanismo da ovulação. Conforme mostra o esquema abaixo, a metabolização excessiva do estrógeno produzida pelo folículo pré-ovulatório, pode provocar falha na sensibilização dos receptores de estrógeno localizados no hipotálamo. Conseqüentemente, pode haver falha na liberação, ou liberação insuficiente de GnRH e posteriormente de LH, resultando em falha na ovulação ou a formação de um cisto folicular.

Diminuição do período de estro e estros silenciosos

O cio é um comportamento induzido pela ação de alto nível de estrógenos sobre receptores cerebrais específicos. Quando temos rápida metabolização hepática do estrógeno (observado nas vacas em lactação), esse hormônio acaba sendo retirado rapidamente da circulação sanguínea. Conseqüentemente, o comportamento estral se apresenta diminuído ou até ausente.

Maior incidência de dupla ovulação e de partos gemelares.

A dominância folicular, onde o folículo mais representativo da onda de crescimento induz a atresia dos folículos subordinados, se dá pela secreção de estrógeno e inibina. A liberação do estrógeno e inibina promovem o bloqueio da secreção de FSH pela hipófise.
Devido à rápida metabolização hepática (nas vacas leiteiras), o estrógeno secretado pelo folículo dominante, é retirado da circulação, possibilitando uma falha no bloqueio do FSH. Assim, uma freqüência maior de ondas foliculares com a presença de mais de um folículo dominante ocorrem, possibilitando a ovulação dupla.

Alta sensibilidade ao estresse térmico.

As vacas leiteiras possuem metabolismo acelerado, como já foi anteriormente abordado, produzindo muito calor metabólico. Além disso, os animais taurinos são menos adaptados ao clima quente. Portanto, durante o verão, nota-se uma queda significativa nos índices reprodutivos. O estresse térmico provoca uma queda na qualidade dos óvulos produzidos, diminuindo a fertilidade dessas estruturas. Também os embriões são muito sensíveis ao estresse térmico, particularmente nos 7 primeiros dias pós-fertilização.

Menor taxa de concepção à Inseminação artificial.

Todos os fatores acima citados contribuem para uma menor eficiência reprodutiva em vacas leiteiras. Um fator que não deve ser esquecido é a maior metabolização da progesterona produzida pelo corpo lúteo ovariano.
O embrião se desenvolve com menores níveis sanguíneos desse hormônio e sabe-se que esse fato reduz a taxa de crescimento embrionário. Isso aumenta a incidência de falhas no mecanismo de reconhecimento materno da gestação por parte da fêmea, com conseqüente luteólise e perda embrionária precoce.

Por que usar IATF em rebanhos leiteiros?

A necessidade de alta produção de leite e bezerros é fundamental para que a granja leiteira sobreviva e seja capaz de gerar lucros no mercado competitivo atual. Isso somente é possível se a eficiência reprodutiva do rebanho for otimizada pela IATF. Desta forma, busca-se diminuir o intervalo entre partos (IEP) e aumentar a proporção de animais em lactação, além do número de bezerros produzidos por ano.

PRINCIPAIS VANTAGENS DA IATF:

DISPENSA A OBSERVAÇÃO DE CIO

Muitas das vacas em cio não são inseminadas por falhas de detecção. Isto gera aumento da média de intervalo entre partos, aumento do intervalo entre lactações e diminuição do número de bezerros produzidos por ano. Além disso, existem outras falhas como a inseminação de vacas que não estão em cio, ou que já estão em momento desfavorável, o que provoca desperdício de sêmen.

DIMINUIÇÃO DO INTERVALO ENTRE PARTOS.

As vacas leiteiras têm um período de recuperação pós-parto difícil, pois além da recuperação natural do aparelho genital e corporal, ainda têm a alta produção de leite como agente complicador (balanço energético negativo), o que pode gerar períodos bastante longos entre o parto e a nova concepção. Desta forma, com a possibilidade de inseminar as fêmeas mesmo em anestro, há diminuição de custos de manutenção, pela redução do período ocioso das vacas do rebanho.

AUMENTO DA PRODUÇÃO DE LEITE.

É um efeito reflexo da diminuição do intervalo entre partos, conseqüentemente o período seco do animal será menor. Numa propriedade onde o IEP é de 18 meses e, hipoteticamente, consegue-se reduzir para 12 meses, temos uma lactação a mais a cada período de 3 anos, ou seja, 50% de aumento de produção leiteira por ano, só devido ao ganho reprodutivo obtido.

AUMENTO DA PRODUÇÃO DE BEZERROS.

Outro efeito reflexo da diminuição do IEP, teremos uma maior tendência de todas as vacas produzirem um bezerro ao ano, ao invés de 1 bezerro a cada ano e meio como é a média nacional. Com isso obtem-se um maior número de animais para venda ou para reposição no rebanho, levando a um progresso genético mais rápido e gerando receita a propriedade.

POSSIBILIDADE DE CONCENTRAÇÃO DE PARTOS NAS ÉPOCAS
DE ENTRE-SAFRA
LEITEIRA.

É possível sincronizar lotes de animais para parirem e fornecerem mais leite na época quando este produto tem melhor preço de mercado.

Pré-requisitos para utilizar IATF em rebanhos leiteiros:

·         As vacas a serem sincronizadas devem ter, no mínimo, 45 dias de intervalo pós-parto.

·         As vacas devem estar em média/ boa condição corporal (2,5 ou acima, numa escala de 1
a 5).
·         As vacas não devem estar em balanço energético negativo intenso(perda de peso grave).

·         O controle sanitário deve ser rigoroso, evitando que doenças como Brucelose, Leptospirose e outras, interfiram na reprodução.

·         Antes de iniciar um protocolo de IATF, é necessário que um veterinário examine o sistema reprodutor das vacas para eliminar animais com problemas clínicos (infecções uterinas, cistos ovarianos, etc.).

·         Evita-se desperdício de hormônios e sêmen em vacas não aptas.

·         As endometrites resultantes de retenções de placentas devem ser tratadas com aplicações de prostaglandina e antibioticoterapia (se necessário)até a resolução.

·         Vacas com cistos ovarianos podem ser tratadas com GnRH (Gestran Plus®) e 7 dias depois com PGF2α(Prolise®) observando a manifestação de cios subseqüentes. Outra possibilidade de tratamento do cisto ovariano é a realização de um programa de IATF com progesterona.

·         Sempre ao utilizar programas de IATF, dar preferência a sêmen de touros com histórico de fertilidade e oriundo de empresas idôneas, isso evita variação de resultados e queda dos índices de prenhez.



Fonte: Tecnopec
Adaptação: Agropecuavet

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Vacinas e suas procedencias



Vacina e vacinação

 
Uma vacina tem por mérito impedir que um animal fique doente, impedindo que se torne um transmissor de um agente infeccioso ou que venha a morrer ou a ter uma perda na produção.
A vacina não impede que o animal se infecte, ou seja, o animal poderá entrar em contato com o agente infeccioso, porém não desenvolverá a doença.

A vacinação é empregada como medida profilática, ou seja, somente para evitar uma doença, e não para cura-la. O aparecimento de anticorpos específicos no organismo ocorre 6 a 10 dias após o contato com o antígeno. Deste modo é óbvio que o animal já exposto a uma infecção, provavelmente não se beneficiará da vacinação daquele momento.

O principal propósito da vacinação é gerar células de memória na resposta imune do hospedeiro, de modo a protegê-lo da exposição a um patógeno específico. A vacina por si só deve produzir nenhum ou limitado efeito adverso sobre o hospedeiro.

TIPOS DE VACINA

Autógena
Trata-se de uma vacina autógena quando o agente infeccioso utilizado para a sua preparação é isolado do próprio animal doente, ou aquelas preparadas com as cepas do rebanho em que vão ser aplicadas. A produção desta vacina pode depender do isolamento e identificação  das cepas no rebanho em que vão ser aplicadas. Estas vacinas, salvo exceções, podem ser preparadas em laboratórios clínicos.

Autóctone
São vacinas preparadas com o agente infeccioso de uma determinada região,ou seja, rebanhos vizinhos ou próximos podem ser vacinados com a mesma vacina.

De estoque
São aquelas produzidas industrialmente com cepas padronizadas de microrganismos. São com estas vacinas que os profissionais trabalham.

Essas vacinas podem variar dependendo do tipo de antígeno, basicamente são os seguintes.

Simples
São preparadas com um único tipo de microrganismo ou o seu produto. Pôr exemplo: vacina contra a raiva, vacina contra o tétano e vacina contra brucelose.



Mista
 São aquelas preparadas com mais de um tipo de microrganismo ou seus produtos. Exemplo: vacina contra hepatite, leptospirose, cinomose, parvovirose, coronavirus, influenza canina (chamada V6 ou sêxtupla ou associadas)

Polivalentes
São aquelas preparadas com diferentes tipos sorológicos do mesmo microrganismo. Exemplo Vacina contra Febre-Aftosa, preparadas com as cepas clássicas de vírus “O”, “A” e ”C”.

Sendo assim, são classificadas conforme a origem do patógeno.

Vírus
Raiva, Febre Aftosa, coronavirus, influenza, Marek, Gumboro, Newcastle, etc.

Bactéria
 Salmonelose, leptospirose, pasteurelose, brucelose , etc.

Produtos de Bactéria
 produtos de metabolismo ou produtos de lise bacteriana. Anatoxina tetânica, anatoxina botulínica, anatoxina estafilocócica.

Micoplasma
 M. galliseticum, M. pulmonary, M. bovis

Protozoários
 Toxoplasma gondii (para gatos) , Coccidia (Eimeria ssp. para aves),Leishmaniose (para cães)

Antígenos Purificados (Sub-unidades)
Ao invés de se usar microrganismos completos, ou seja, partícula viral completa usa se algumas macromoléculas de superfície específicas do agente infeccioso purificadas.

Produto de Manipulação Genética

Recombinante
Vacina que expressa em outro microrganismo algum componente de superfície ou produto de metabolismo de um agente infeccioso, que é reconhecido pelo sistema imunológico.

Geneticamente modificado
 Vírus ou bactéria que por manipulação genética perdem a sua patogenicidade.

DNA
Vacina constituída de DNA injetada diretamente em células receptoras no hospedeiro.




Quanto ao estado do patógeno

Vacinas com organismos vivos atenuados ou modificados
 São vacinas muito usadas atualmente, especialmente as virais. Esta mantém a capacidade de se multiplicarem, porem não possuem virulência. Ex. vacina anti-rábica tipo Flury, brucelose bovina, bronquite infecciosa aviária.

· Usadas freqüentemente em vacinas a vírus
· Usadas com menos freqüência em vacinas bacterianas
· O microorganismo da vacina, ou uma forma recombinante, ou partes específicas de seu material genético (vacina de DNA) multiplicam-se em células selecionadas do hospedeiro vacinado
· Atenuação é o processo pelo qual a virulência  do microorganismo patogênico é reduzida para um nível "seguro" sem destruir sua capacidade de estimular uma resposta imune.

Organismos mortos ou inativados

São vacinas nas quais os agentes infecciosos, ou seus produtos, são desenvolvidos em meios especiais à sua multiplicação e, em seguida, são mortos ou inativados por ação de agentes químicos ou físicos.

Quanto a Via de Aplicação

Parenteral - representam a grande maioria e as vias mais usadas são: a muscular e a subcutânea.

Oral - pode ser administrada na ração ou na água de beber, sendo utilizada freqüentemente em aves.

Nasal - Esta via é usada preferencialmente quando se deseja imunizar um grande número de animais ou para a imunização de animais silvestres no seu próprio meio ambiente.

Ocular - Principalmente utilizada em aves. Aplicadas nos olhos das aves.

Vacina transdérmica (experimental) é aplicada na pele com um carreador que a transporta através da epiderme para dentro da circulação linfática; é bastante promissora.

Quanto a Apresentação

Vacinas líquidas - são vacinas comercializadas na forma líquida e na diluição apropriada para uso.

Vacinas liofilizadas - são vacinas enviadas ao comércio em estado desidratado. A desidratação é obtida pelo processo de liofilização, ou seja, através de um processo de sublimação pela qual a água passa do estado sólido ao estado gasoso diretamente. O processo de liofilização garante uma viabilidade muito mais longa dos organismos presentes na vacina.

ACIDENTES COM VACINAS

Vários são os problemas causados por vacinas. Um dos acidentes mais sérios são reações de hipersensibilidade. Doses repetidas de uma vacina podem provocar choque anafilático. Reações locais e abcessos podem ser verificadas, causadas por patogenicidade do agente etiológico ou contaminação das vacinas ou do aparelho aplicador. Em geral, os acidentes ocorrem devido à susceptibilidade do animal ou, mais freqüentemente, por má qualidade do produto. Para nossas condições, é considerável como índice aceitável de acidentes com vacina o valor de 5%.

Valores maiores que estes devem ser atribuídos à qualidade da vacina. Porém os acidentes não podem causar problemas severos em mais de 1% dos animais vacinados e a morte em mais de 0,5%. Estes índices são ainda muito elevados para a realidade mundial: o FDA recomenda que os índices de acidentes totais não devem exceder a 1%, os casos severos não podem ser maior que 0,1% e os casos de morte devem ser inferior a 0,05%.

FATORES QUE INFLUEM NA VACINAÇÃO

Genética

É possível identificar dentro de populações, animais com resposta imune elevada, baixa e
moderada e mostrar que tais características são hereditárias.

Idade

Animais jovens (recém-nascidos) podem ser suscetíveis a doenças causadas por vacinas
vivas atenuadas, que são seguras em animais mais velhos
· O feto é particularmente vulnerável
· O sistema imune envelhece, exceto na perda da memória imune
· Tanto o componente humoral quanto o mediado por células do sistema imune são menos
competentes em animais mais velhos

Nutrição

 Desnutrição severa deprime mecanismos imunes não-específicos e mediados por células
 Deficiências específicas de aminoácidos, minerais (selênio, zinco, ferro, magnésio), ou
vitaminas (E, B6) deprimem a imunidade humoral, e até certo ponto a imunidade
mediada por células
 Vitamina E em quantidades elevadas pode atuar como estimulante de imunidade

Ambiente

 Fatores ambientais negativos (estresse) podem deprimir irregularmente respostas
imunes:
Calor
Umidade
Frio
Superlotação
Transporte
Desmame

ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE VACINAS

Todas as vacinas devem ser armazenadas em refrigerador às temperatura entre 2 e 8ºC.
Para tal, os refrigeradores devem ter um termômetro e manter uma ficha para controle diário de temperatura máxima e mínimas. Os refrigeradores destinados ao armazenamento das vacinas devem ser de uso exclusivo para tal.

Todas as vacinas armazenadas devem estar dentro do período de validade, terem rótulos legíveis, frascos com lacre de alumínio intacto, cor e demais aspectos físicos normais, devendo ser transportadas em isopor com gelo.