Vacina e vacinação
Uma vacina tem por mérito
impedir que um animal fique doente, impedindo que se torne um transmissor de um
agente infeccioso ou que venha a morrer ou a ter uma perda na produção.
A vacina não impede que o
animal se infecte, ou seja, o animal poderá entrar em contato com o agente
infeccioso, porém não desenvolverá a doença.
A vacinação é empregada
como medida profilática, ou seja, somente para evitar uma doença, e não para
cura-la. O aparecimento de anticorpos específicos no organismo ocorre 6 a 10 dias
após o contato com o antígeno. Deste modo é óbvio que o animal já exposto a uma
infecção, provavelmente não se beneficiará da vacinação daquele momento.
O principal propósito da
vacinação é gerar células de memória na resposta imune do hospedeiro, de modo a
protegê-lo da exposição a um patógeno específico. A vacina por si só deve produzir
nenhum ou limitado efeito adverso sobre o hospedeiro.
TIPOS DE VACINA
Trata-se de uma vacina
autógena quando o agente infeccioso utilizado para a sua preparação é isolado
do próprio animal doente, ou aquelas preparadas com as cepas do rebanho em que
vão ser aplicadas. A produção desta vacina pode depender do isolamento e
identificação das cepas no rebanho em
que vão ser aplicadas. Estas vacinas, salvo exceções, podem ser preparadas em laboratórios
clínicos.
Autóctone
São vacinas preparadas com
o agente infeccioso de uma determinada região,ou seja, rebanhos vizinhos ou
próximos podem ser vacinados com a mesma vacina.
De estoque
São aquelas produzidas
industrialmente com cepas padronizadas de microrganismos. São com estas vacinas
que os profissionais trabalham.
Essas vacinas podem variar
dependendo do tipo de antígeno,
basicamente são os seguintes.
Simples
São preparadas com um único
tipo de microrganismo ou o seu produto. Pôr exemplo: vacina contra a raiva,
vacina contra o tétano e vacina contra brucelose.
Mista
São aquelas preparadas com mais de um tipo de
microrganismo ou seus produtos. Exemplo: vacina contra hepatite, leptospirose,
cinomose, parvovirose, coronavirus, influenza canina (chamada V6 ou sêxtupla ou
associadas)
Polivalentes
São aquelas preparadas com
diferentes tipos sorológicos do mesmo microrganismo. Exemplo Vacina contra Febre-Aftosa,
preparadas com as cepas clássicas de vírus “O”, “A” e ”C”.
Sendo assim, são
classificadas conforme a origem do patógeno.
Vírus
Raiva, Febre Aftosa,
coronavirus, influenza, Marek, Gumboro, Newcastle, etc.
Bactéria
Salmonelose, leptospirose,
pasteurelose, brucelose , etc.
Produtos de Bactéria
produtos de metabolismo ou
produtos de lise bacteriana. Anatoxina tetânica, anatoxina botulínica,
anatoxina estafilocócica.
Micoplasma
M. galliseticum, M. pulmonary, M. bovis
Protozoários
Toxoplasma gondii (para
gatos) , Coccidia (Eimeria ssp. para aves),Leishmaniose (para cães)
Antígenos Purificados
(Sub-unidades)
Ao invés de se usar
microrganismos completos, ou seja, partícula viral completa usa se algumas
macromoléculas de superfície específicas do agente infeccioso purificadas.
Produto de Manipulação Genética
Recombinante
Vacina que expressa em
outro microrganismo algum componente de superfície ou produto de metabolismo de
um agente infeccioso, que é reconhecido pelo sistema imunológico.
Geneticamente modificado
Vírus ou bactéria que por
manipulação genética perdem a sua patogenicidade.
DNA
Vacina constituída de DNA
injetada diretamente em células receptoras no hospedeiro.
Quanto ao estado do
patógeno
Vacinas com organismos
vivos atenuados ou modificados
São vacinas muito usadas
atualmente, especialmente as virais. Esta mantém a capacidade de se
multiplicarem, porem não possuem virulência. Ex. vacina anti-rábica tipo Flury,
brucelose bovina, bronquite infecciosa aviária.
· Usadas freqüentemente em vacinas a vírus
· Usadas com menos freqüência em vacinas bacterianas
· O microorganismo da vacina, ou uma forma recombinante, ou partes
específicas de seu material genético (vacina de DNA) multiplicam-se em células
selecionadas do hospedeiro vacinado
· Atenuação é o processo pelo qual a virulência do microorganismo patogênico é reduzida para
um nível "seguro" sem destruir sua capacidade de estimular uma
resposta imune.
Organismos mortos ou
inativados
São vacinas nas quais os
agentes infecciosos, ou seus produtos, são desenvolvidos em meios especiais à
sua multiplicação e, em seguida, são mortos ou inativados por ação de agentes
químicos ou físicos.
Quanto a Via de Aplicação
Parenteral - representam a grande
maioria e as vias mais usadas são: a muscular e a subcutânea.
Oral - pode ser administrada na ração
ou na água de beber, sendo utilizada freqüentemente em aves.
Nasal - Esta via é usada
preferencialmente quando se deseja imunizar um grande número de animais ou para
a imunização de animais silvestres no seu próprio meio ambiente.
Ocular - Principalmente utilizada
em aves. Aplicadas nos olhos das aves.
Vacina transdérmica (experimental) é aplicada
na pele com um carreador que a transporta através da epiderme para dentro da
circulação linfática; é bastante promissora.
Quanto a Apresentação
Vacinas líquidas - são vacinas
comercializadas na forma líquida e na diluição apropriada para uso.
Vacinas liofilizadas - são vacinas enviadas ao
comércio em estado desidratado. A desidratação é obtida pelo processo de
liofilização, ou seja, através de um processo de sublimação pela qual a água
passa do estado sólido ao estado gasoso diretamente. O processo de liofilização
garante uma viabilidade muito mais longa dos organismos presentes na vacina.
ACIDENTES COM VACINAS
Vários são os problemas
causados por vacinas. Um dos acidentes mais sérios são reações de
hipersensibilidade. Doses repetidas de uma vacina podem provocar choque anafilático.
Reações locais e abcessos podem ser verificadas, causadas por patogenicidade do
agente etiológico ou contaminação das vacinas ou do aparelho aplicador. Em
geral, os acidentes ocorrem devido à susceptibilidade do animal ou, mais
freqüentemente, por má qualidade do produto. Para nossas condições, é
considerável como índice aceitável de acidentes com vacina o valor de 5%.
Valores maiores que estes
devem ser atribuídos à qualidade da vacina. Porém os acidentes não podem causar
problemas severos em mais de 1% dos animais vacinados e a morte em mais de 0,5%.
Estes índices são ainda muito elevados para a realidade mundial: o FDA
recomenda que os índices de acidentes totais não devem exceder a 1%, os casos severos
não podem ser maior que 0,1% e os casos de morte devem ser inferior a 0,05%.
FATORES QUE INFLUEM NA
VACINAÇÃO
Genética
É possível identificar
dentro de populações, animais com resposta imune elevada, baixa e
moderada e mostrar que tais
características são hereditárias.
Idade
Animais jovens
(recém-nascidos) podem ser suscetíveis a doenças causadas por vacinas
vivas atenuadas, que são
seguras em animais mais velhos
· O feto é particularmente vulnerável
· O sistema imune envelhece, exceto na perda da memória imune
· Tanto o componente humoral quanto o mediado por células do sistema imune
são menos
competentes em animais mais
velhos
Nutrição
Desnutrição severa deprime
mecanismos imunes não-específicos e mediados por células
Deficiências específicas de
aminoácidos, minerais (selênio, zinco, ferro, magnésio), ou
vitaminas (E, B6) deprimem
a imunidade humoral, e até certo ponto a imunidade
mediada por células
Vitamina E em quantidades
elevadas pode atuar como estimulante de imunidade
Ambiente
Fatores ambientais
negativos (estresse) podem deprimir irregularmente respostas
imunes:
Calor
Umidade
Frio
Superlotação
Transporte
Desmame
ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO
DE VACINAS
Todas as vacinas devem ser
armazenadas em refrigerador às temperatura entre 2 e 8ºC.
Para tal, os refrigeradores
devem ter um termômetro e manter uma ficha para controle diário de temperatura
máxima e mínimas. Os refrigeradores destinados ao armazenamento das vacinas devem
ser de uso exclusivo para tal.
Todas as vacinas
armazenadas devem estar dentro do período de validade, terem rótulos legíveis,
frascos com lacre de alumínio intacto, cor e demais aspectos físicos normais,
devendo ser transportadas em isopor com gelo.
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