Introdução
As
vacas leiteiras, durante a lactação, apresentam características fisiológicas
particulares que diferenciam o comportamento reprodutivo desses animais, quando
comparadas a fêmeas bovinas de outra aptidão. A fertilidade das vacas
leiteiras, principalmente as altamente produtivas, é mais baixa, devido a
algumas particularidades metabólicas que tornam a concepção mais problemática,
exigindo maior número de inseminações por prenhes.
Particularidades
reprodutivas de vacas leiteiras:
Podemos
citar como diferenças conhecidas até o momento, as seguintes particularidades:
Maior incidência de
retenção de placenta pós-parto.
A
explicação para isso é multifatorial, pois envolvem todos os fatores causadores
de estresse, tais como: nutrição deficiente, baixa adaptação ao ambiente, baixa
resistência a parasitas, incidência de doenças infecciosas, entre outras.
A
conseqüência da retenção de placenta é a incidência representativa de
endometrites no período pós-parto de vacas leiteiras. Essas infecções geram
prejuízos ao ambiente uterino e, em casos extremos, poderá ocorrer a
infertilidade permanente de algumas fêmeas. Mesmo as endometrites com menor
gravidade, costumam aumentar o período entre o parto e o primeiro cio, com cios
de baixa fertilidade, liberação de muco sujo e interferindo na eficiência
reprodutiva do animal.
Maior incidência de
cistos foliculares.
As
vacas em lactação possuem metabolismo muito acelerado e uma taxa de degradação
hepática de hormônios esteróide muito rápida (estrógeno e progesterona). Esse
fator pode interferir no mecanismo da ovulação. Conforme mostra o esquema
abaixo, a metabolização excessiva do estrógeno produzida pelo folículo
pré-ovulatório, pode provocar falha na sensibilização dos receptores de
estrógeno localizados no hipotálamo. Conseqüentemente, pode haver falha na
liberação, ou liberação insuficiente de GnRH e posteriormente de LH, resultando
em falha na ovulação ou a formação de um cisto folicular.
Diminuição do período
de estro e estros silenciosos
O
cio é um comportamento induzido pela ação de alto nível de estrógenos sobre
receptores cerebrais específicos. Quando temos rápida metabolização hepática do
estrógeno (observado nas vacas em lactação), esse hormônio acaba sendo retirado
rapidamente da circulação sanguínea. Conseqüentemente, o comportamento estral
se apresenta diminuído ou até ausente.
Maior incidência de
dupla ovulação e de partos gemelares.
A
dominância folicular, onde o folículo mais representativo da onda de
crescimento induz a atresia dos folículos subordinados, se dá pela secreção de
estrógeno e inibina. A liberação do estrógeno e inibina promovem o bloqueio da
secreção de FSH pela hipófise.
Devido
à rápida metabolização hepática (nas vacas leiteiras), o estrógeno secretado
pelo folículo dominante, é retirado da circulação, possibilitando uma falha no
bloqueio do FSH. Assim, uma freqüência maior de ondas foliculares com a
presença de mais de um folículo dominante ocorrem, possibilitando a ovulação
dupla.
Alta sensibilidade ao
estresse térmico.
As
vacas leiteiras possuem metabolismo acelerado, como já foi anteriormente
abordado, produzindo muito calor metabólico. Além disso, os animais taurinos
são menos adaptados ao clima quente. Portanto, durante o verão, nota-se uma
queda significativa nos índices reprodutivos. O estresse térmico provoca uma
queda na qualidade dos óvulos produzidos, diminuindo a fertilidade dessas
estruturas. Também os embriões são muito sensíveis ao estresse térmico,
particularmente nos 7 primeiros dias pós-fertilização.
Menor taxa de
concepção à Inseminação artificial.
Todos
os fatores acima citados contribuem para uma menor eficiência reprodutiva em
vacas leiteiras. Um fator que não deve ser esquecido é a maior metabolização da
progesterona produzida pelo corpo lúteo ovariano.
O
embrião se desenvolve com menores níveis sanguíneos desse hormônio e sabe-se
que esse fato reduz a taxa de crescimento embrionário. Isso aumenta a
incidência de falhas no mecanismo de reconhecimento materno da gestação por
parte da fêmea, com conseqüente luteólise e perda embrionária precoce.
Por que usar IATF em
rebanhos leiteiros?
A
necessidade de alta produção de leite e bezerros é fundamental para que a
granja leiteira sobreviva e seja capaz de gerar lucros no mercado competitivo
atual. Isso somente é possível se a eficiência reprodutiva do rebanho for
otimizada pela IATF. Desta forma, busca-se diminuir o intervalo entre partos
(IEP) e aumentar a proporção de animais em lactação, além do número de bezerros
produzidos por ano.
PRINCIPAIS VANTAGENS DA IATF:
DISPENSA A OBSERVAÇÃO
DE CIO
Muitas
das vacas em cio não são inseminadas por falhas de detecção. Isto gera aumento
da média de intervalo entre partos, aumento do intervalo entre lactações e
diminuição do número de bezerros produzidos por ano. Além disso, existem outras
falhas como a inseminação de vacas que não estão em cio, ou que já estão em
momento desfavorável, o que provoca desperdício de sêmen.
DIMINUIÇÃO DO
INTERVALO ENTRE PARTOS.
As
vacas leiteiras têm um período de recuperação pós-parto difícil, pois além da
recuperação natural do aparelho genital e corporal, ainda têm a alta produção
de leite como agente complicador (balanço energético negativo), o que pode
gerar períodos bastante longos entre o parto e a nova concepção. Desta forma,
com a possibilidade de inseminar as fêmeas mesmo em anestro, há diminuição de
custos de manutenção, pela redução do período ocioso das vacas do rebanho.
AUMENTO DA PRODUÇÃO
DE LEITE.
É
um efeito reflexo da diminuição do intervalo entre partos, conseqüentemente o
período seco do animal será menor. Numa propriedade onde o IEP é de 18 meses e,
hipoteticamente, consegue-se reduzir para 12 meses, temos uma lactação a mais a
cada período de 3 anos, ou seja, 50% de aumento de produção leiteira por ano,
só devido ao ganho reprodutivo obtido.
AUMENTO DA PRODUÇÃO
DE BEZERROS.
Outro
efeito reflexo da diminuição do IEP, teremos uma maior tendência de todas as
vacas produzirem um bezerro ao ano, ao invés de 1 bezerro a cada ano e meio
como é a média nacional. Com isso obtem-se um maior número de animais para
venda ou para reposição no rebanho, levando a um progresso genético mais rápido
e gerando receita a propriedade.
POSSIBILIDADE DE
CONCENTRAÇÃO DE PARTOS NAS ÉPOCAS
DE ENTRE-SAFRA
LEITEIRA.
É
possível sincronizar lotes de animais para parirem e fornecerem mais leite na
época quando este produto tem melhor preço de mercado.
Pré-requisitos para
utilizar IATF em rebanhos leiteiros:
·
As
vacas a serem sincronizadas devem ter, no mínimo, 45 dias de intervalo
pós-parto.
·
As
vacas devem estar em média/ boa condição corporal (2,5 ou acima, numa escala de
1
a 5).
·
As
vacas não devem estar em balanço energético negativo intenso(perda de peso grave).
·
O
controle sanitário deve ser rigoroso, evitando que doenças como Brucelose,
Leptospirose e outras, interfiram na reprodução.
·
Antes
de iniciar um protocolo de IATF, é necessário que um veterinário examine o
sistema reprodutor das vacas para eliminar animais com problemas clínicos
(infecções uterinas, cistos ovarianos, etc.).
·
Evita-se
desperdício de hormônios e sêmen em vacas não aptas.
·
As
endometrites resultantes de retenções de placentas devem ser tratadas com
aplicações de prostaglandina e antibioticoterapia (se necessário)até a
resolução.
·
Vacas
com cistos ovarianos podem ser tratadas com GnRH (Gestran Plus®) e 7 dias depois com
PGF2α(Prolise®) observando a
manifestação de cios subseqüentes. Outra possibilidade de tratamento do cisto
ovariano é a realização de um programa de IATF com progesterona.
·
Sempre
ao utilizar programas de IATF, dar preferência a sêmen de touros com histórico
de fertilidade e oriundo de empresas idôneas, isso evita variação de resultados
e queda dos índices de prenhez.
Fonte: Tecnopec
Adaptação: Agropecuavet
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