Introdução
A estacionalidade de produção das plantas
forrageiras é reconhecida como um dos principais fatores responsáveis pelos
baixos índices de produtividade da pecuária nacional, visto que ocorre redução de produção das pastagens em
períodos em que há diminuição da disponibilidade de luz (dias são mais curtos),
a temperatura média é menor e o índice pluviométrico é drasticamente reduzido.
Esses três fatores juntos impedem que a pastagem cresça de uma forma uniforme
durante o ano todo. No Brasil Central,
esse período corresponde aos meses de maio a setembro, época em que ocorre
drástica redução no crescimento de gramíneas forrageiras tropicais, resultando
em menor disponibilidade quantitativa e qualitativa de forragem, afetando de
maneira significativa o desempenho dos animais mantidos a pasto. Os principais
prejuízos causados pela estacionalidade na produção de forrageiras são
relacionados ao atraso no crescimento de animais jovens, perda de peso nos
machos adultos e consequentemente aumentando a idade de abate dos bovinos,
atraso na idade da primeira parição e baixa fertilidade do rebanho.
Alimentos volumosos
A utilização da suplementação de bovinos com
forragens conservadas depende dos requerimentos nutricionais da categoria de
bovinos de corte e da composição de nutrientes da forragem.
Além das
exigências nutricionais dos animais, deve-se conhecer a composição dos
alimentos concentrados ou volumosos para melhor equilibrar a dieta dos animais em questão. Algumas
forragens são pobres em proteína, não atendendo as exigências de qualquer
categoria de bovinos, principalmente aqueles em fase de terminação.
As silagens
de milho, sorgo forrageiro, cana-de-açúcar, dentre outras, precisam ser
suplementadas com proteína. Independentemente do tipo de forragem, a
suplementação protéica deve ser calculada com base nas exigências da categoria
animal e no teor de proteína bruta da forragem.
Opções de volumosos suplementares
Cana-de-Açúcar
Cada vez mais a cana-de-açúcar tem
sido utilizada como volumoso suplementar para terminação de bovinos, em virtude
dos seus atributos positivos: cultura de fácil implantação, requerendo poucos
tratos culturais; elevada produtividade (ao redor de 90 t./ha) em uma única
colheita, melhor qualidade no período de escassez das pastagens; bem consumida
pelos animais.
Apesar de todos os atributos
positivos, a mecanização do corte, em algumas situações, é problemática. As
máquinas forrageiras utilizadas para essa finalidade são pouco eficientes,
apresentam baixo rendimento, necessidade freqüente de manutenção e
principalmente o tamanho de corte das partículas o qual, muitas vezes, não é
adequado para potencializar o consumo e consequentemente o desempenho animal.
No que diz
respeito ao valor alimentício da cana-de-açúcar, esta ao contrário da maioria
das plantas forrageiras, apresenta melhora da digestibilidade da MS com o
avanço da maturidade fisiológica em função do aumento dos teores de
carboidratos solúveis.
Utilização da
cana-de-açúcar para produção de silagem
Durante
o período das chuvas, não só a confecção de silagem é mais problemática, como
também, ao optar-se pelo fornecimento da cana fresca, reduz-se a capacidade de
mecanização das operações de campo, dificultando o corte diário e conduzindo a
irregularidades no fornecimento do alimento.
Tendo
em vista esta constatação, muito se tem discutido sobre a ensilagem da
cana-de-açúcar pelo fato de haver problemas com o processo fermentativo.
Momentaneamente os resultados de desempenho animal com uso da silagem de cana
são inferiores aos encontrados para a cana-de-açúcar in natura. Isso ocorre principalmente pela maior produção de ácido
acético e álcool, fatores esses que limitam sobremaneira o consumo do material,
por apresentarem influência direta sobre os receptores bioquímicos ligados à
saciedade.
O uso de
aditivos microbiológicos à base de bactérias lácticas pode ser uma alternativa
para limitar o crescimento de leveduras, e conseqüentemente o aumento da produção
de álcool e redução de consumo, digestibilidade e desempenho animal com o uso
dessa silagem.
Silagem de milho
O milho é a mais popular cultura
utilizada no processo de ensilagem, e extensas áreas são cultivadas em
diferentes partes do mundo.
Esta opção
permite que a semeadura possa ser realizada entre os meses de agosto e janeiro,
com ciclo de 110 a
180 dias, de acordo com o híbrido utilizado.
O ponto de
colheita do material é caracterizado pelo estado farináceo-duro do seu grão,
com matéria seca variando entre 30 e 35%. A produção média estimada e usada
para os cálculos apresentados para a cultura é de 15 t de MS por há.
A maior quantidade de grãos no material ensilado poderá
representar economia em ingredientes concentrados, sendo assim, a escolha dos
materiais genéticos para produção de silagens deve recair não só sob o fato do
mesmo ser adaptado à determinada região geográfica e ser mais produtivo, mas
sim sob o aspecto de minimizar o custo da ração total a ser fornecida aos
animais.
O sorgo tem como
característica favorável uma maior flexibilidade no momento da ensilagem,
mantendo-se por mais tempo no ponto adequado de colheita, quando comparado ao
milho. As silagens obtidas apresentam entre 85 a 90% do valor nutricional
do milho. Este fato é devido a uma menor digestibilidade em decorrência de
tanino, menor digestibilidade do amido e a presença do tegumento do grão.
Silagem de sorgo
A semeadura do sorgo pode
ser realizada na mesma época da semeadura do milho ou, alternativamente, no
final de janeiro ou início de fevereiro. Esta opção é dada pela maior
resistência a déficits hídricos desta cultura. Este fato está associado a
características da planta, como serosidade foliar e sistema radicular mais
profundo. Recomenda-se que o plantio seja realizado com espaçamento de 0,5 a 0,7 m entre linhas,
utilizando-se de 8 a
10 kg de
sementes por ha
O conteúdo de matéria seca desempenha papel importante na
confecção da silagem, quanto maior a umidade, menor será o pH;
silagens muito úmidas, são pouco desejáveis devido ao menor consumo voluntário,
reduzindo o desempenho animal. Além disso, silagens com menores teores de umidade
possuem menor custo de transporte. Por outro lado, silagens com alto teor de
matéria seca têm grande tendência à produção de calor e crescimento de fungos
devido à dificuldade de compactação e exclusão do oxigênio, promovendo assim a
perda do valor nutritivo do material final.
Silagem de capim
A produção de silagens de capins vem
sendo utilizada como uma alternativa às culturas tradicionais, apresentando
como vantagens as características de serem perenes, além da possibilidade do
aproveitamento do excedente de produção das águas.
No entanto,
para obtenção de silagem de alta
qualidade, faz-se necessário que alguns fatores sejam considerados, como por
exemplo, os teores de matéria seca (MS), que devem estar entre 28,0 e 35,0%, a
riqueza em carboidratos solúveis (CS) e o baixo teor tampão (PT), que não deve
oferecer resistência à redução do pH para valores entre 3,8 e 4,2 (Mccullough,
1977). Esses parâmetros influem, de maneira decisiva, na natureza da
fermentação e na conservação da massa ensilada.
Diante das
limitações dos capins tropicais para serem ensilados, justifica-se o uso de
aditivos que podem ser fonte de nutrientes, tais como melaço, polpa cítrica,
rolão de milho, etc. e os estimulantes de fermentação, tais como enzimas e
inoculantes bacterianos.
Silagem de girassol
De forma semelhante ao sorgo, o girassol pode ser cultivado no
mesmo período que o milho, isto é, com semeadura entre os meses de setembro e
dezembro, ou para a safrinha, de janeiro a março. O girassol possui elevada capacidade
de adaptação, desenvolvendo-se bem em climas temperados, subtropicais e
tropicais. As vantagens mais nítidas de sua utilização estão relacionadas à sua
maior produção de massa verde por unidade de área e maior resistência à falta
de chuvas e às baixas temperaturas. Existem restrições, associadas há alguns
cultivares e efeitos residuais de herbicidas ou presença de nematóides, sob a
emergência de plântulas de girassol.
Silo de superfície |
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