quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Alimentos Volumosos como fonte suplementar







Introdução


A estacionalidade de produção das plantas forrageiras é reconhecida como um dos principais fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade da pecuária nacional, visto que ocorre redução de produção das pastagens em períodos em que há diminuição da disponibilidade de luz (dias são mais curtos), a temperatura média é menor e o índice pluviométrico é drasticamente reduzido. Esses três fatores juntos impedem que a pastagem cresça de uma forma uniforme durante o ano todo.  No Brasil Central, esse período corresponde aos meses de maio a setembro, época em que ocorre drástica redução no crescimento de gramíneas forrageiras tropicais, resultando em menor disponibilidade quantitativa e qualitativa de forragem, afetando de maneira significativa o desempenho dos animais mantidos a pasto. Os principais prejuízos causados pela estacionalidade na produção de forrageiras são relacionados ao atraso no crescimento de animais jovens, perda de peso nos machos adultos e consequentemente aumentando a idade de abate dos bovinos, atraso na idade da primeira parição e baixa fertilidade do rebanho.

Alimentos volumosos




 A utilização da suplementação de bovinos com forragens conservadas depende dos requerimentos nutricionais da categoria de bovinos de corte e da composição de nutrientes da forragem.

Além das exigências nutricionais dos animais, deve-se conhecer a composição dos alimentos concentrados ou volumosos para melhor equilibrar a dieta dos animais em questão. Algumas forragens são pobres em proteína, não atendendo as exigências de qualquer categoria de bovinos, principalmente aqueles em fase de terminação.


As silagens de milho, sorgo forrageiro, cana-de-açúcar, dentre outras, precisam ser suplementadas com proteína. Independentemente do tipo de forragem, a suplementação protéica deve ser calculada com base nas exigências da categoria animal e no teor de proteína bruta da forragem.

Opções de volumosos suplementares


 Cana-de-Açúcar 


            Cada vez mais a cana-de-açúcar tem sido utilizada como volumoso suplementar para terminação de bovinos, em virtude dos seus atributos positivos: cultura de fácil implantação, requerendo poucos tratos culturais; elevada produtividade (ao redor de 90 t./ha) em uma única colheita, melhor qualidade no período de escassez das pastagens; bem consumida pelos animais.

            Apesar de todos os atributos positivos, a mecanização do corte, em algumas situações, é problemática. As máquinas forrageiras utilizadas para essa finalidade são pouco eficientes, apresentam baixo rendimento, necessidade freqüente de manutenção e principalmente o tamanho de corte das partículas o qual, muitas vezes, não é adequado para potencializar o consumo e consequentemente o desempenho animal.

No que diz respeito ao valor alimentício da cana-de-açúcar, esta ao contrário da maioria das plantas forrageiras, apresenta melhora da digestibilidade da MS com o avanço da maturidade fisiológica em função do aumento dos teores de carboidratos solúveis.

Utilização da cana-de-açúcar para produção de silagem

Durante o período das chuvas, não só a confecção de silagem é mais problemática, como também, ao optar-se pelo fornecimento da cana fresca, reduz-se a capacidade de mecanização das operações de campo, dificultando o corte diário e conduzindo a irregularidades no fornecimento do alimento.

Tendo em vista esta constatação, muito se tem discutido sobre a ensilagem da cana-de-açúcar pelo fato de haver problemas com o processo fermentativo. Momentaneamente os resultados de desempenho animal com uso da silagem de cana são inferiores aos encontrados para a cana-de-açúcar in natura. Isso ocorre principalmente pela maior produção de ácido acético e álcool, fatores esses que limitam sobremaneira o consumo do material, por apresentarem influência direta sobre os receptores bioquímicos ligados à saciedade.

O uso de aditivos microbiológicos à base de bactérias lácticas pode ser uma alternativa para limitar o crescimento de leveduras, e conseqüentemente o aumento da produção de álcool e redução de consumo, digestibilidade e desempenho animal com o uso dessa silagem.

Silagem de milho


             O milho é a mais popular cultura utilizada no processo de ensilagem, e extensas áreas são cultivadas em diferentes partes do mundo.

Esta opção permite que a semeadura possa ser realizada entre os meses de agosto e janeiro, com ciclo de 110 a 180 dias, de acordo com o híbrido utilizado.

O ponto de colheita do material é caracterizado pelo estado farináceo-duro do seu grão, com matéria seca variando entre 30 e 35%. A produção média estimada e usada para os cálculos apresentados para a cultura é de 15 t de MS por há.

A maior quantidade de grãos no material ensilado poderá representar economia em ingredientes concentrados, sendo assim, a escolha dos materiais genéticos para produção de silagens deve recair não só sob o fato do mesmo ser adaptado à determinada região geográfica e ser mais produtivo, mas sim sob o aspecto de minimizar o custo da ração total a ser fornecida aos animais.

O sorgo tem como característica favorável uma maior flexibilidade no momento da ensilagem, mantendo-se por mais tempo no ponto adequado de colheita, quando comparado ao milho. As silagens obtidas apresentam entre 85 a 90% do valor nutricional do milho. Este fato é devido a uma menor digestibilidade em decorrência de tanino, menor digestibilidade do amido e a presença do tegumento do grão.

Silagem de sorgo

 

 A semeadura do sorgo pode ser realizada na mesma época da semeadura do milho ou, alternativamente, no final de janeiro ou início de fevereiro. Esta opção é dada pela maior resistência a déficits hídricos desta cultura. Este fato está associado a características da planta, como serosidade foliar e sistema radicular mais profundo. Recomenda-se que o plantio seja realizado com espaçamento de 0,5 a 0,7 m entre linhas, utilizando-se de 8 a 10 kg de sementes por ha

O conteúdo de matéria seca desempenha papel importante na confecção da silagem, quanto maior a umidade, menor será o pH; silagens muito úmidas, são pouco desejáveis devido ao menor consumo voluntário, reduzindo o desempenho animal. Além disso, silagens com menores teores de umidade possuem menor custo de transporte. Por outro lado, silagens com alto teor de matéria seca têm grande tendência à produção de calor e crescimento de fungos devido à dificuldade de compactação e exclusão do oxigênio, promovendo assim a perda do valor nutritivo do material final.

Silagem de capim


            A produção de silagens de capins vem sendo utilizada como uma alternativa às culturas tradicionais, apresentando como vantagens as características de serem perenes, além da possibilidade do aproveitamento do excedente de produção das águas.

No entanto, para obtenção de silagem  de alta qualidade, faz-se necessário que alguns fatores sejam considerados, como por exemplo, os teores de matéria seca (MS), que devem estar entre 28,0 e 35,0%, a riqueza em carboidratos solúveis (CS) e o baixo teor tampão (PT), que não deve oferecer resistência à redução do pH para valores entre 3,8 e 4,2 (Mccullough, 1977). Esses parâmetros influem, de maneira decisiva, na natureza da fermentação e na conservação da massa ensilada.

Diante das limitações dos capins tropicais para serem ensilados, justifica-se o uso de aditivos que podem ser fonte de nutrientes, tais como melaço, polpa cítrica, rolão de milho, etc. e os estimulantes de fermentação, tais como enzimas e inoculantes bacterianos.

Silagem de girassol




De forma semelhante ao sorgo, o girassol pode ser cultivado no mesmo período que o milho, isto é, com semeadura entre os meses de setembro e dezembro, ou para a safrinha, de janeiro a março. O girassol possui elevada capacidade de adaptação, desenvolvendo-se bem em climas temperados, subtropicais e tropicais. As vantagens mais nítidas de sua utilização estão relacionadas à sua maior produção de massa verde por unidade de área e maior resistência à falta de chuvas e às baixas temperaturas. Existem restrições, associadas há alguns cultivares e efeitos residuais de herbicidas ou presença de nematóides, sob a emergência de plântulas de girassol.


Silo de superfície

Silo de superfície

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